sexta-feira, 24 de abril de 2015

Prejuízo da Petrobras é maior entre petrolíferas latinas e americanas

Levantamento exclusivo da Economatica entre empresas de capital aberto mostra que, apesar da queda do petróleo ter afetado todas as grandes empresas do setor em 2014, algumas conseguiram amenizar as perdas.


O prejuízo registrado pela Petrobras é o maior entre as petrólíferas de capital aberto da América Latina e Estados Unidos em 2014, segundo um levantamento feito para a BBC Brasil pela consultoria Economatica.
O levantamento leva em conta apenas as empresas com valor de mercado acima de US$ 20 bilhões - grupo que inclui 16 companhias.
O prejuízo registrado pela Petrobras, de US$ 8,1 bilhões, é o mais alto dos últimos cinco anos na região. Em dólar, a queda nos ganhos da estatal foi de 180%.
Em 2014, o segundo pior resultado contábil desse grupo foi o da americana Apache, que registrou perdas de US$ 5,1 bilhões.
A Anadarko Petroleum, também americana, teve o terceiro maior prejuízo do ano - US$ 1,7 bilhão - e o segundo maior dos últimos cinco anos - US$ 2,6 bilhões -, registrado em 2011.
No caso da Petrobras, as perdas foram motivadas pela baixa contábil de US$ 16,7 bilhões, incluída no balanço da empresa divulgado nesta quarta-feira. Sem isso, o lucro da estatal poderia ter sido de US$ 10,7 bilhões.
Cerca de US$ 2 bilhões desse total da baixa contábil se referem diretamente a perdas com o esquema de corrupção revelado pela Operação Lava Jato.
Já os outros US$ 14,7 dizem respeito a uma revisão do valor de alguns ativos tendo em vista problemas de planejamento, atrasos em alguns projetos e a queda dos preços do petróleo (responsável por US$ 3,3 bilhões da baixa contábil).
"Além do problema de corrupção temos claramente um problema de má gestão", diz Ricardo Kim, analista-chefe da XP Investimetnos.
Maiores lucros
A colombiana Ecopetrol, que já disputou com a Petrobras o posto de maior petrolífera da América Latina, teve uma queda de mais de 53,9% em seu lucro de 2013 para 2014, mas ainda assim teve o sexto maior ganho entre petrolíferas de capital aberto na região: US$ 3,1 bilhões.
O maior lucro do ano passado foi da Exxon Mobil, cujos ganhos ficaram em US$ 32,52 bilhões. A segunda empresa com melhor resultado foi a Chevron, que teve ganhos de US$ 19,2 bilhões.
Das 16 petrolíferas analisadas no levantamento da Economatica, sete tiveram crescimento do lucro em 2014 e nove tiveram queda, com três registrando prejuízo.
Einar Rivero, da Economatica, diz que a queda do petróleo parece ter afetado negativamente os resultados das cinco maiores empresas de capital aberto do setor - o que inclui a Petrobras.
Algumas, porém, teriam conseguido navegar melhor em um ambiente menos favorável de preços da commodity, minimizando suas perdas.
O lucro da própria Exxon Mobil por exemplo, manteve-se praticamente estável em relação a 2013 (a queda foi de apenas 0,18%). No caso do lucro da Chevrou, o corte foi de 10%.
Segundo analistas, as financas da petrolífera brasileria também teriam sido negativamente afetadas pelo cambio, já que ela tem as receitas em real e cerca de 80% da dívida em dólar.
"Todas as empresas estão tendo de reavaliar seus planos de investimentos e fazer ajustes diante da queda do petróleo", diz Kim, da XP Investimetnos.
"Em um cenário novo, uma gestão eficiente, capaz de redefinir direcionamentos estratégicos pode fazer a diferença."
A Ecoanalítica não inclui neste levantamento empresas de capital fechado, como a Pemex. No caso da estatal mexicana, como nota Rivero, o prejuízo foi ainda maior que o da Petrobras: US$ 17 bilhões.

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